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EAA | Coletânea Soluções Extrajudiciais de Conflitos - Organização das Informações e seu Impacto nas Soluções Alternativas de Litígio - Tema 08/13

EAA | Coletânea Soluções Extrajudiciais de Conflitos - Organização das Informações e seu Impacto nas Soluções Alternativas de Litígio - Tema 08/13

17 . 10 . 2018 Publicado em Artigos

Saber estabelecer prioridades e organizar informações são habilidades extremamente relevantes quando se deseja solucionar um conflito na esfera extrajudicial.

Isso porque as partes em conflito só terão a capacidade de entrar em consenso quando tiverem bem delimitado em seu consciente o que realmente desejam obter como resultado da negociação/mediação/conciliação e do que estão dispostas a abrir mão.

Um exemplo muito usado em estudos de métodos alternativos de solução de conflitos é o seguinte: dois irmãos estão na cozinha brigando porque há apenas uma última laranja na fruteira e os dois a desejam. Após muita discussão, a mãe percebendo o ocorrido pergunta para que eles desejam a laranja. Um deles responde que quer a casca para fazer um doce e outro responde que quer o bagaço para fazer um suco.

Parece um exemplo bobo, mas que ilustra perfeitamente uma hipótese em que duas pessoas não conseguiram conciliar interesses simplesmente porque não se interessaram em questionar uma à outra qual o objetivo a ser atingido.

Como já mencionado em artigo anterior dessa coletânea, as partes costumam estar emocionalmente envolvidas nos conflitos, razão pela qual nem sempre possuem as melhores condições de avaliar a fundo qual seu maior interesse e do que pode desistir para atingi-lo. Assim, a presença de um mediador ou advogado sempre é útil nesse aspecto, por se tratar de pessoa desprendida do viés emocional e com capacitação para vislumbrar hipóteses de acordo que as partes sozinhas podem não conseguir enxergar.

Todavia, apenas possuir a informação sobre o que é mais relevante para a parte não é suficiente. É necessário saber organizar o conteúdo e escolher o momento apropriado para revela-lo ou não. Especialmente em negociações ou mediações em que uma das partes está em desvantagem (seja econômica ou em termos de conhecimento da matéria discutida).

Informação utilizada no momento errado ou não utilizada pode vir a ser prejudicial à parte que a possuía e muitas vezes a razão de um acordo não ter se concretizado.

Grandes especialistas em negociações, principalmente na área empresarial, passam semanas se preparando para uma única reunião, pois precisam, acima de tudo, organizar toda a informação que terão que utilizar no encontro.

Não basta comparecer a uma reunião ou sessão de conciliação com uma opção de proposta de acordo. A boa preparação consiste também em imaginar quais propostas a parte contrária poderá oferecer e quais contrapropostas podem surgir, a fim de se criar uma verdadeira interação com o fim de solucionar a controvérsia.

Existem técnicas e caminhos a serem seguidos para isso, sendo que o mínimo que deve a parte saber é qual seria a sua melhor opção no caso de não chegar a nenhuma espécie de acordo com o outro interessado.

O tema pode parecer simples a princípio, mas demanda estudo, tempo e dedicação, sendo, como apontado, fator fundamental para o sucesso ou não de diversas tentativas de solução extrajudicial de conflitos.