(Português)
- Conceito
A OIT (Organização Internacional do Trabalho) define fatores psicossociais no trabalho como sendo a interação entre o ambiente, o conteúdo e a organização do trabalho e a capacidade, necessidade, cultura e considerações extratrabalho de cada trabalhador, que, por meio de suas percepções e expectativas, podem influenciar o seu desempenho, satisfação no trabalho e sua saúde física e mental[1].
No Brasil, a Comissão Nacional sobre os Determinantes da Saúde (CNDSS) do Ministério da Saúde ainda acrescenta, os fatores externos do ambiente laboral citados pela OIT, a presença de saneamento, serviços de saúde, escolas (educação), trama de redes sociais e comunitárias, além dos estilos de vida individuais, como hábito de fumar, praticar exercícios e adotar dieta saudável, que, em parte, também estão condicionados por determinantes sociais de saúde, como renda, padrões culturais e mensagens publicitárias, entre outros, enquadrando todos estes quesitos como determinantes de saúde que influenciam as condições de vida e de trabalho[2].
- O indivíduo único – trabalho e vida social
A Comissão Nacional Sobre os Determinantes de Saúde (CNDSS), vinculada ao Ministério da Saúde adota o modelo dos Determinantes Sociais da Saúde, o chamado DSS, que se trata de um conceito da área de saúde pública, que se refere a um conjunto de acontecimentos, fatos, situações e comportamentos da[3]:
- vida econômica;
- social;
- ambiental;
- política;
- governamental;
- cultural e subjetiva.
Ainda, de acordo com a CNDSS os Determinantes Sociais da Saúde afetam positivamente ou negativamente a saúde de[4]:
- indivíduos;
- segmentos sociais;
- coletividades;
- populações e territórios.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), define o DSS como “As circunstâncias nas quais as pessoas nascem, crescem, trabalham, vivem, e envelhecem, e o amplo conjunto de forças e sistemas que moldam as condições da vida cotidiana. Essas forças e sistemas incluem sistemas e políticas econômicas, agendas de desenvolvimento, normas sociais, políticas sociais e sistemas políticos”.
O trabalhador, portanto, é um indivíduo único, indissociável, havendo influências do trabalho na sua vida social e vice-versa.
Assim, os riscos psicossociais trabalho-vida pessoal e vida pessoal-trabalho estão relacionados, podendo-se dizer:
√ Trabalho: Riscos inerentes à natureza do Trabalho e à dinâmica do ambiente laboral;
√ Pessoal: Riscos relacionados a característica de vida e personalidade.[5]
De acordo com o médico especialista em Medicina do Trabalho, autor do livro “Fatores de Riscos Psicossociais do Trabalho”: “…a qualificação dos fatores psicossociais do trabalho integra dois domínios indivisíveis e complementares que não podem existir um sem o outro, o social e o trabalhador (indivíduo), e que a interação entre o ambiente, o conteúdo e a organização do trabalho e a necessidade, cultura e extratrabalho de cada trabalhador estão relacionadas com os seus determinantes de saúde”.
- Identificação dos Fatores de Riscos Psicossociais
A identificação dos fatores de riscos psicossociais, tem como premissas 04 (quatro) pilares principais, a saber: (i) fatores organizacionais (jornadas extenuantes, falta de autonomia etc); (ii) fatores psicológicos (pressão por resultados, falta de reconhecimento etc); (iii) fatores interpessoais (discriminação, assédio moral ou sexual, falta de apoio da liderança, etc); (iv) fatores ambientais (ambiente mal planejado e antiergonômico)[6].
À título de exemplo, a ISO 45003:2021 (Psychological Health and Safety at Work), recomenda como metodologia para identificação dos fatores psicossociais do trabalho que as organizações:
- Revisem as descrições dos cargos;
- Analisem as tarefas prescritas, cronogramas e locais de trabalho;
- Realizem uma consultoria com os trabalhadores, clientes e outras partes interessadas; e
- Analisem as avaliações de desempenho, pesquisas com trabalhadores, questionários padronizados, auditorias etc.[7]
A escolha da ferramenta adequada à realidade do ambiente de trabalho avaliado, é fundamental para a apuração dos riscos psicossociais, possibilitando com isso o cumprimento das exigências das normas regulamentares onde estão previstos (NR-1 e NR-17) e adoção de políticas para os ajustes necessários.
- Conclusão
Havendo ferramentas que apurem e identifiquem os riscos psicossociais, permite que a empresa adote políticas/medidas de prevenção e controle, propiciando um ambiente de trabalho mais seguro e saudável.
Por fim, importante ressaltar que a avaliação dos fatores psicossociais o trabalho, deve ser repetida sempre que houver inserção de novos cargos ou funções, e até mesmo quando houver alteração na organização do ambiente de trabalho (seja alteração física, ergonômica, layout, etc).
O ambiente de trabalho está em constante evolução, não é estático, sendo necessária a observação acurada das empresas e seus líderes às contínuas modificações e evoluções.
Fontes:
https://dssbr.ensp.fiocruz.br/dss-o-que-e/
[1]NR 01 – GESTÃO INTEGRADA DOS FATORES DE RISCOS PSICOSSOCIAIS – Palestra – Lilian Pereira – Mentoria Especializada – Outubro 2025.
DO TRABALHO, FATORES DE RISCO PSICOSSOCIAIS, Gustavo Franco Veloso, Editora Mizuno, 2ª edição, 2025, pag. 126.
[1] INTERNATIONAL, LABOUR ORGANIZATION, Psychosocial factors at work: recofnition and control. Geneva: International Labour Office, 1986. (Occupational and Helaths Series, 56). Disponível em: https://ilo.primo.exilbrisgroup.com/discovery/fulldisplay/alma992480113402676/41ILO_INST:41ILO_V2.”
[2] DO TRABALHO, FATORES DE RISCO PSICOSSOCIAIS, Gustavo Franco Veloso, Editora Mizuno, 2ª edição, 2025, pag. 85/86.
[3] https://dssbr.ensp.fiocruz.br/dss-o-que-e/
[4] https://dssbr.ensp.fiocruz.br/dss-o-que-e/
[5] NR 01 – GESTÃO INTEGRADA DOS FATORES DE RISCOS PSICOSSOCIAIS – Palestra – Lilian Pereira – Mentoria Especializada – Outubro 2025.
[6] NR 01 – GESTÃO INTEGRADA DOS FATORES DE RISCOS PSICOSSOCIAIS – Palestra – Lilian Pereira – Mentoria Especializada – Outubro 2025.
[7] DO TRABALHO, FATORES DE RISCO PSICOSSOCIAIS, Gustavo Franco Veloso, Editora Mizuno, 2ª edição, 2025, pag. 126.